O PODER DO PERDÃO
"Se perdoardes aos homens as ofensas que vos fazem, também vosso Pai celestial vos perdoará os vossos pecados.
(Mateus, VI: 14)"
Moisés, através de sua mediunidade revelou a Lei de Talião (olho por olho,
dente por dente) a um povo ainda dominado pelos instintos bárbaros. Havia a necessidade
de associar as Leis à Deus, pois era a única forma de conter a perversidade
humana naqueles tempos.
Posteriormente surge um novo Messias que trazia consigo ideias renovadoras,
com o objetivo de complementar a lei. Há dois mil anos, Jesus já ensinava à seus
discípulos a prática do perdão:
"Vocês
ouviram o que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, lhes digo:
Não se vinguem dos que lhes fazem mal. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire
o outro lado para ele bater também."
(Mateus 5:38-39)
Na época, o Nazareno foi pouco compreendido. Os representantes do judaísmo
não conseguiam assimilar como o Cristo e seus adeptos sofreram todas as
humilhações que lhe foram impostas, sem revidar. Passaram-se dois milênios e ainda hoje permanece
conosco a dificuldade em compreender e colocar em prática os ensinamentos do
Mestre.
Saber perdoar de forma sincera, talvez, seja um dos maiores desafios da
nossa jornada evolutiva.
O que é o
Perdão?
Perdoar é o
mesmo que desculpar, absolver, livrar alguém da culpa de um ato considerado
ofensivo ou inadequado. É proporcionar ao ofensor, a oportunidade do
arrependimento e da corrigenda e, sobretudo, oportunizar a si mesmo o alívio do
peso da mágoa e do rancor.
Por que temos dificuldade em perdoar?
Ainda somos
espíritos imperfeitos, daí a nossa dificuldade em perdoar. Muitas vezes somos
verdugos impiedosos daqueles que nos rodeiam, entretanto, quando nos tornamos
vítimas, a nossa dor parece infindável e maior do que a dor que podemos
provocar em outrem ao ponto de nos acharmos injustiçados.
Quando
erramos e reconhecemos o nosso erro, desejamos receber o perdão daquele que foi
vitimado por nós, todavia, muitas vezes não somos capazes de perdoar. Há uma
dificuldade muito grande em se colocar no lugar do outro. Esquecemos que somos
falíveis e costumamos apontar os erros alheios.
Falta-nos
compreensão e tolerância.
O poder do perdão
"Senhor, quantas vezes poderá
pecar meu irmão contra mim, para que eu lhe perdoe? Será até sete vezes?
Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete
vezes."
(Mateus, XVIII: 15, 21 e 22).
Perdoar faz
bem para o corpo e para alma. Todos nós almejamos a felicidade e para ser feliz
é necessário viver em harmonia buscando a paz interior. Para isso é necessário
manter a consciência tranquila e o coração livre de sentimentos negativos como
o ódio, o rancor, a mágoa.
Além de
tudo, estudos científicos comprovam que
o aparecimento de certas doenças físicas, podem estar relacionadas ao
sentimento humano. Nossos pensamentos funcionam como emissores e receptores de
energia. Se alimentamos o egoísmo, o ódio, o orgulho e o rancor, certamente
atraímos energias maléficas para o nosso corpo e o nosso espírito, abrimos
portas aos obsessores.
O perdão
sincero é capaz de proporcionar aquilo
que chamamos de "paz de espírito", ou seja, nos garante a consciência
tranquila, livre de paixões nocivas, consequentemente diminuímos o risco de
doenças.
Mas o perdão
também é importante para aquele que é perdoado. Todos nós somos espíritos em
evolução e na busca pela perfeição cometemos erros. Há de se considerar que o
erro é necessário para o nosso aprendizado. Nem sempre a intenção do ofensor é
nos prejudicar e é necessário dar a ele uma nova oportunidade, assim como a
Providência Divina proporciona a todos nós, cada vez que reencarnamos. Onde
estaria a justiça de Deus se não houvesse uma chance de correção? Às vezes, o
peso da culpa é muito maior que o ato praticado. A própria consciência nos
cobra a regeneração diante das falhas.
É possível perdoar no plano
espiritual?
Sem dúvidas!
Existem vários registros de reconciliação na erraticidade, contudo, os próprios
espíritos envolvidos sentem a necessidade de estagiar em uma nova existência, afim
de cultivar o amor entre si.
Este fato
pode explicar alguns casos onde há relações conturbadas entre pais e filhos, marido
e mulher, irmãos, etc; onde esses indivíduos manifestam uma repulsa mutua, aparentemente
inexplicável. É natural que renasçam todos no mesmo seio familiar, para que
aprendam a desenvolver o amor e o respeito.
Em algumas
situações, as desavenças se arrastam por várias existências, o que acaba
causando grande sofrimento em ambas as partes. Geralmente nesses casos desenvolve-se
uma relação de obsessão recíproca, acometendo tanto os espíritos encarnados quanto os desencarnados.
É preciso
entender que nossos inimigos não desaparecem com a morte, portanto, não há
tempo a perder quando o assunto é perdoar. Quanto mais cedo entendermos esse
mecanismo, menos doloroso serão os nossos débitos:
[...] "Perdoa agora, enquanto a
oportunidade de reaproximação te favorece os bons desejos porque,
provavelmente, amanhã, o ensejo luminoso terá passado e não encontrarás, ao
redor de ti senão a cinza do arrependimento e o choro amargo da inútil
lamentação."
.
(Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel - Trecho
retirado da mensagem "Perdoa Agora" do livro "Assim
Vencerás".)
Dez passos para a prática do perdão
1) O
primeiro passo é compreender que somos espíritos imperfeitos. Se erramos,
automaticamente damos o direito de errar à outras pessoas.
2) Coloque-se no lugar do outro. Qual seria a sua atitude na inversão dos papéis?
3) Seja compreensivo.
Quais foram as causas que levaram seu algoz a ter este tipo de conduta?
4) Entenda
que perdoar também é caridade. Praticando o perdão você é capaz de se tornar
uma pessoa melhor e proporcionar o mesmo ao ofensor.
5) Leve em
consideração que o maior perdão é concedido por Deus, se Ele perdoa, quem somos
nós para não perdoar?
6) Não
procure fazer justiça com as próprias mãos. Nós não temos o direito de julgar.
A Providência Divina se encarrega dos reajustes.
7) Perdoe
com o coração e não com a boca. Deus conhece nossas intenções.
8) Procure
compreender que a ofensa não é maldade e sim ignorância. Aquele que ofende
ainda não desenvolveu o amor e o respeito.
9) Não
discuta, valorize o diálogo. Muitas vezes as ofensas não passam de palavras mal
colocadas.
10) Perdoe a
si mesmo. Pode ser que a origem da sua mágoa esteja dentro de você.
Para nós
espíritas, a responsabilidade se torna maior. Não podemos alegar posteriormente
que agimos por ignorância. Perdoe
sempre!
[...] "Espíritas, não vos olvideis de
que, tanto em palavras como em atos, o perdão das injúrias nunca deve
reduzir-se a uma expressão vazia. Se vos dizeis espíritas, sede-o de fato:
esquecei o mal que vos tenham feito, e pensai apenas numa coisa: no bem que
possais fazer. Aquele que entrou nesse caminho não deve afastar-se dele, nem
mesmo em pensamento, pois sois responsáveis pelos vossos pensamentos, que Deus
conhece. Fazei, pois, que eles sejam desprovidos de qualquer sentimento de
rancor. Deus sabe o que existe no fundo do coração de cada um. Feliz aquele que
pode dizer cada noite, ao dormir: Nada tenho contra o meu próximo."
(SIMEÃO - Bordeaux,
1862 - Extraído de
O Evangelho Segundo o Espiritismo)
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