ESCLARECENDO A OBSESSÃO
"Com nomes diferentes, os fenômenos de obsessão têm atravessado épocas."
Muito se fala em obsessão no meio espírita, mas poucos sabem de fato como acontece o mecanismo de tal doença. Doença? Isso mesmo, a obsessão pode ser considerada uma doença do espírito que, atingindo graus adiantados, acaba por aniquilar a matéria, ocasionando depressão, loucura e até mesmo o suicídio.
Com nomes diferentes, os
fenômenos de obsessão têm atravessado épocas. Até mesmo a bíblia relata alguns
acontecimentos nos tempos antigos. Existem casos famosos e outros que se
escondem no anonimato. O fato é que a obsessão ainda é frequente nos dias
atuais.
Entendendo a obsessão
Allan Kardec em O Livro dos
Médiuns, define a obsessão como sendo o domínio que alguns espíritos procuram
exercer sobre outros espíritos, sejam encarnados ou desencarnados. Esta influência sempre acontece de forma negativa,
onde o obsidiado (espírito dominado) é prejudicado de alguma forma, pois aquele
que exerce o domínio é sempre um espírito de tendências nocivas.
Como se desenvolve
De maneira geral a obsessão
acontece porque somos espíritos em evolução necessitando de aperfeiçoamento
moral. Sentimentos menos dignos como o egoísmo, o rancor, o ódio, o
materialismo e o desejo de vingança ainda estão arraigados em muitos de nós.
Aliás, boa parte dos casos de obsessão estão relacionados a vingança,
geralmente, aqueles que prejudicamos em outrora, tendem a nos cobrar o mal que
causamos, iniciando assim um processo obsessivo.
A obsessão é desencadeada por
nossas próprias condutas viciosas. Nossos pensamentos e atitudes atraem para
junto de nós espíritos afins. É como se abríssemos a porta para o
"inimigo":
“(...) criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório
perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa.
(...) Desse modo é que os mais secretos movimentos da alma repercutem no envoltório
fluídico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que não é
perceptível aos olhos do corpo.”
(A Gênese, Allan Kardec, capítulo 14º, Item
15.)
Nestes casos, devemos considerar
as recomendações do Cristo:
"Vigiai e orai [...]"
(Mateus 26:41).
É importante ressaltar que a
obsessão não é necessariamente a influência de um espírito desencarnado sobre
um espírito encarnado. Ela pode acontecer de diversas maneiras:
Encarnado para Encarnado: Pode parecer
estranho, mas esse tipo de obsessão é uma das mais frequentes. Consiste na
capacidade que certas pessoas possuem de manipular as outras, sequestrando de
alguma forma a sua subjetividade, como por exemplo, o marido que restringe a
liberdade da esposa por ciúmes ou manifesta um "amor doentio",
anulando de alguma forma a sua personalidade.
Desencarnado para Desencarnado:
Nas literaturas espíritas podemos encontrar vários relatos deste tipo de
obsessão. Um espírito desencarnado passa a obsediar um outro espírito por
vingança ou pelo simples desejo de escravizá-lo. Os recém desencarnados,
atormentados pela própria consciência culpada, como homicidas, suicidas,
dependentes químicos, etc.; são mais vulneráveis à investida de falanges
maléficas.
Encarnado para Desencarnado:
Você deve estar pensando como um espírito encarnado pode exercer influência
sobre um espírito desencarnado, entretanto, esta situação é mais comum do que
imaginamos. É natural sofrermos quando um ente querido retorna para vida espiritual, todavia, nossas
lágrimas produzidas pela dor e revolta contra as leis do Criador provocam
aflição no espírito que partiu. Estas circunstâncias podem atormentar o
desencarnado, que passa a ser atraído pelo sofrimento daquele que chora,
provocando uma obsessão mútua.
Desencarnado para Encarnado:
Este é o que nos parece mais incidente. Caracteriza-se pela influência de um
espírito desencarnado sobre um espírito encarnado. O obsessor dispõe de recursos
que o obsidiado não pode ver por estar limitado ao corpo físico. Ambos
tornam-se ligados pela ação do pensamento.
Auto-Obsessão: Nestes casos, o homem apresenta um estado
doentio do próprio espírito, que é capaz de lhe proporcionar graves
consequências. Sentem-se doentes fisicamente, entretanto procuram diagnósticos
na medicina convencional e não o encontram. Trazem impressos no seu espírito
patologias adquiridas em existências pretéritas, que voltam a tona e passam a
produzir uma auto-obsessão. Esta condição pode desencadear no indivíduo
transtornos de ansiedade como depressão, bipolaridade e síndrome do pânico.
“O homem não raramente é o obsessor de si
mesmo”
(Obras Póstumas
- Allan Kardec)
Estágios da obsessão
Para fins de estudo, Kardec
classificou a obsessão em estágios, sendo muito difícil definir onde termina um
estágio e inicia-se o outro. Alguns casos de obsessão são tão complexos que os
estágios podem aparecer em alternância. Vejamos:
Obsessão Simples - É
aquela onde o obsessor tenta insistentemente constranger sua vítima de alguma
forma. Em alguns casos, o obsidiado tem condições de perceber a ação daquele
que o pretende dominar.
Fascinação - Neste
estágio, o espírito dominado passa a sofrer ação direta do obsessor, que tenta manipular
seus pensamentos para provocar ações nocivas.
Subjugação - O espírito
dominante passa a exercer o controle das vontades do obsidiado. Na linguagem
popular é conhecida como possessão. O indivíduo fica sob o jugo de seu algoz.
Como tratar
O primeiro passo para se livrar
da dominação é a mudança de atitudes. A transformação moral é fator
preponderante para o sucesso do tratamento da obsessão. É necessário exercer o
domínio dos próprios pensamentos, afim de que possa elevar o padrão vibratório
e se desvencilhar dos domínios inferiores.
“No que diz respeito ao problema
das obsessões espirituais, o paciente é, também o agente da própria cura.”
(Grilhões Partidos, Manoel Philomeno de
Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco.)
Fluidoterapia |
Recomenda-se a realização da prece frequentemente, o
evangelho no lar para purificar o ambiente, a vigilância dos hábitos e
pensamentos nocivos, a prática da caridade e o trabalho edificante. Esses
mecanismos devem proporcionar a aproximação dos benfeitores espirituais e
consequentemente o afastamento de espíritos ignorantes.
Aprender a perdoar e pedir perdão
também consiste em terapia renovadora e eficaz contra os domínios da obsessão.
É necessário entender que a maldade não é uma estado definitivo do espírito.
Como espíritos imperfeitos, somos passíveis de erros e assim como desejamos ser
compreendidos quando erramos, devemos ser complacentes com os erros alheios.
A família do obsediado deve
participar do processo de desobsessão, sendo esclarecida acerca da situação para
que possa ajudar a vítima em seu restabelecimento. Não raro são os casos de
obsessão que se estendem aos outros membros da família. O seio familiar costuma
reunir espíritos unidos pelos mais profundos laços do passado.
Em casos mais complexos é
necessário buscar ajuda de uma casa espírita, que poderá aplicar no obsidiado a
fluidoterapia e se for o caso, através de grupos mediúnicos, realizar o
trabalho de esclarecimento do espírito obsessor, conscientizando-o de suas
ações e ao mesmo tempo oferecer-lhe uma oportunidade de
regeneração.
É possível prevenir a obsessão?
Sim. É perfeitamente possível
evitar a instalação de um processo obsessivo.
Como dissemos anteriormente, a chave para cura da obsessão está nas mãos do próprio obsidiado, sendo assim, na prevenção os mecanismos não são diferentes.
Como dissemos anteriormente, a chave para cura da obsessão está nas mãos do próprio obsidiado, sendo assim, na prevenção os mecanismos não são diferentes.
A retidão moral constitui vacina
eficaz contra a obsessão. É necessário manter a mente ocupada com bons
pensamentos, colocar-se em contato com Deus através da prece e dedicar-se ao
trabalho digno. A fé, o amor e a caridade são fontes renovadoras de boas energias
e nos mantêm em contato com a alta espiritualidade. A obsessão só acontece
quando permitimos.
Para Libertar-nos
"A preguiça
conserva a cabeça desocupada e as mãos ociosas.
A cabeça desocupada e
as mãos ociosas encontram a desordem.
A desordem cai no
tempo sem disciplina.
O tempo sem disciplina
vai para a invigilância.
A invigilância
patrocina a conversação sem proveito.
A conversação sem
proveito entretece as sombras da cegueira de espírito.
A cegueira de espírito
promove o desequilíbrio.
O desequilíbrio atrai
o orgulho.
O orgulho alimenta a
vaidade.
A vaidade agrava a
preguiça.
Como é fácil de
perceber, a preguiça é suscetível de desencadear todos os males, qual a treva
que é capaz de induzir a todos os erros.
Compreendamos, assim,
que obsessão, loucura, pessimismo, delinquência ou enfermidade podem aparecer
por autênticas fecundações da ociosidade, intoxicando a mente e arruinando a
vida.
E reconheçamos, de
igual modo, que o primeiro passo para libertar-nos da inércia será sempre
trabalhar."
(Emmanuel, extraído do livro “Passos da vida”, psicografia de Chico Xavier)
REFERÊNCIAS:
A GÊNESE - ALLAN KARDEC
DRAMAS DA OBSESSÃO - YVONE A. PEREIRA PELO ESPÍRITO DE
BEZERRA DE MENEZES
OBSESSÃO E DESOBSESSÃO - SUELY CALDAS SCHUBERT
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - ALLAN KARDEC
O LIVRO DOS MÉDIUNS - ALLAN KARDEC
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