MENSAGEIROS DA PAZ: LÉON DENIS
"O Apóstolo do Espiritismo"
Léon Denis (lê-se Deni), nasceu em 1 de janeiro de 1846 em Foug, uma pequena aldeia localizada no nordeste da França. Teve um papel preponderante na divulgação do espiritismo em suas décadas iniciais. Considerado por muitos um apóstolo da doutrina, utilizava-se da oratória e da escrita para difundir a mensagem dos espíritos.
Infância e Juventude
Filho de Joseph Denis (oficial pedreiro) e Anne-Lucie, desde cedo experimentou
as provações da falta de recursos materiais. Sua família era de origem simples,
o que fez com que se entregasse ao trabalho manual em tenra idade.
Denis chamava atenção por apresentar uma inteligência
singular, ao contrário das crianças de sua idade, se entregava aos estudos e a
leitura, desenvolvendo sua capacidade através de esforço próprio, era
considerado um autodidata.
Aos 12 anos, concluiu o curso primário. A condição de sua
família não lhe permitia seguir adiante com os estudos, entretanto, Denis
trabalhava durante o dia e mergulhava na leitura madrugada a dentro. Tinha sede
de conhecimento.
Os estudos noturnos acabaram resultando em um problema na
visão, que o acompanhou pelo resto da vida. Este fato não o impediu que
brilhasse. Com 16 anos, Denis já era um orador consagrado e um excelente
propagandista.
Nessa época, a família Denis se transferira para Tours, em
virtude da promoção de Joseph, que agora trabalhava como chefe de estação
ferroviária, fixando residência naquela cidade. Foi ali que o jovem começou a escrever a sua
história.
Quando completou 18 anos, o jovem rapaz assumiu o cargo de
representante comercial na empresa a qual trabalhava. Sua nova função exigia
numerosas viagens, o que possibilitou conhecer diversas regiões e culturas.
Léon Denis e o
Espiritismo
Nas horas vagas, gostava de apreciar os livros expostos nas
prateleiras das livrarias, até que um dia, se deparou com a mais famosa
publicação de Allan Kardec, a obra intitulada "O Livro dos
Espíritos". Aquele opúsculo despertou sua atenção. Denis conhecia bem o
catolicismo, mas nunca havia encontrado respostas para os grandes enigmas da
vida:
"Nele encontrei a
solução clara, completa, lógica, acerca do problema universal. Minha convicção
tornou-se firme. A teoria espírita dissipou minha indiferença e minhas
dúvidas".
Denis estudara a fundo a obra base do Espiritismo. Tours
fora uma das cidades pioneiras em manifestações mediúnicas na França. Não se
falava em outra coisa a não ser no fenômeno das mesas girantes. Todavia, pelo
tempo dedicado ao trabalho de representação comercial, faltava-lhe oportunidade
para participar das reuniões. Até que então, acontece um fato de suma
importância. Allan Kardec chega à cidade para realizar uma palestra e passar
alguns dias na casa de amigos, que por sinal, haviam convidado todo o movimento
simpatizante do espiritismo para dar boas vindas ao codificador.
Uma casa fora alugada para receber o público, uma
autorização para o encontro havia sido solicitada junto a prefeitura, pois, na
época, a França impedia qualquer reunião
com mais de 20 pessoas. Obviamente, a autorização foi negada, porém o encontro
não deixou de ser realizado. Havia cerca de 300 expectadores, que se espremiam
no jardim da residência, curiosos nas palavras de Kardec que falava
brilhantemente sobre obsessão.
No dia seguinte, Denis foi ter com o codificador, que colhia
cerejas em companhia de sua esposa. Ali
teve a oportunidade de entrevistar Allan Kardec e sanar suas dúvidas acerca da
espiritualidade. Após este episódio, o jovem espírita teve mais duas
oportunidades de estar com o pedagogo.
Nas semanas que seguiram a visita de Kardec a Tour, foi
fundado o Grupo da Rua du Cygne, do qual Denis se tornou secretário
participando ativamente dos estudos espíritas.
A Guerra
Franco-Prussiana
Em 1870, o Império Francês entra em guerra com o Reino da
Prússia e Denis é convocado a servir o seu país. Apesar da visão afetada, nosso
personagem foi muito bem aproveitado na guerra devido a sua inteligência
singular. Em apenas 15 dias, aprendeu a manusear as armas sendo convidado a
ocupar o posto de instrutor. Em seis meses fora promovido a sargento, passando
a suboficial, tenente e chegando a patente de major ajudante.
Mesmo no exército, Denis não se afastou das atividades espíritas. Conheceu em
seu pelotão um sargento que era médium, por acaso do destino, ficaram
hospedados em um alojamento considerado "mal assombrado". Realizaram
então uma sessão mediúnica no local. Já nas primeiras manifestações a mesa
virou de cabeça para baixo, os lápis se quebraram, a luz se apagou, ouvia-se
ruídos de diferentes amplitudes em todos os lados, que foram diminuindo gradativamente.
Posteriormente soube-se que aquele alojamento fora palco de sangrentos
homicídios.
Em pouco tempo a guerra se finda, dando espaço aos dias de
paz na França. Denis então retorna à suas atividades em Tours, iniciando sua
preparação para grande missão que havia sido reservada pela espiritualidade
maior.
O Apostolado
Após a guerra, Denis retorna ao Grupo da Rua du Cygne, afim
de desenvolver ainda mais sua mediunidade e se dedicar aos estudos do
espiritismo. Neste período, o abnegado trabalhador é preparado pelos guias espirituais para
iniciar sua tarefa de divulgação da Doutrina Espírita. Leon Denis, sob o
comando espiritual de Sorella e Durand recebe instruções de oratória e escrita.
Todos os seus discursos eram escritos, antes de serem proferidos.
O ano de 1882 marca o início de seu apostolado. Denis rapidamente
se torna o orador mais ovacionado da Loja Maçônica de Demófilus (rito Grande
Oriente). Apesar de sofrer graves repressões por parte da corrente materialista
e positivista que dominava a época, Denis se manteve firme, sempre amparado por
seus mentores espirituais:
"Coragem, amigo, estaremos sempre
contigo para te sustentar e inspirar. Jamais estarás só. Meios ser-te-ão dados,
em tempo, para bem cumprires a tua obra".
(Espírito de Jeanne)
Viajou por boa parte do continente europeu, em cada cidade
que passava, discorria sobre o espiritismo, trazendo a tona assuntos que até
então nunca haviam sido discutidos.
Seu nome passou a se tornar conhecido, ganhou destaque como
orador. Denis proferiu incontáveis conferências.
Certa feita, fora convidado para falar sobre o Espiritismo na residência da Duquesa
de Pomar. O fato foi destaque nos jornais da época:
"A reunião de
ontem, foi uma das mais elegantes, ouvindo-se a conferência de Léon Denis sobre
a Doutrina Espírita. De uma eloquência muito literária, o orador soube encantar
o numeroso auditório, falando-lhe do destino da alma, que pode, diz ele,
reencarnar até sua perfeita depuração. Ele possui a alma de um Bossuet, soube
criar um entusiasmo espiritualista!".
("Le Journal", Paris, 1892.)
Denis também adentrou no mundo da escrita e publicou
diversos livros referentes a Doutrina Espírita. A mais conhecida e importante
obra foi o livro "Depois da Morte", publicado em 1890, que o colocou
em posição de destaque entre os escritores franceses. A cada edição, as obras
se esgotavam rapidamente, causando grande repercussão no meio espiritualista e
fora dele. Leon Denis foi capaz de arrancar os melhores elogios dos críticos
mais exigentes.
A partir daí, o já conhecido escritor não parou mais. Dividiu-se
incansavelmente entre suas conferências e a produção de livros. Segundo ele, as
conferências tocavam no assunto, mas somente os livros poderiam aprofundar os
temas.
As Provações Físicas
A partir de 1910, nosso orador começa a enfrentar com
resignação as provações do corpo físico. Sua visão torna-se cada vez mais
fragilizada. Fora submetido a uma operação dois anos antes para tentar corrigir
o problema, mas não obtivera êxito.
Aos poucos, não conseguia mais escrever. Seu trabalho se
restringia apenas a revisão de textos e periódicos, que sob seu comando, eram
escritos pelas secretárias que o acompanhavam, em especial a empregada que o
cuidava desde o desencarne de sua genitora.
No ano de 1911, adquiriu uma pneumonia que o deixou
gravemente debilitado, entretanto, graças ao rigoroso tratamento prescrito pelo
seu médico, Denis veio a se recuperar em algumas semanas.
Em 1914, o mundo assiste o início da Primeira Grande Guerra,
onde o nobre escritor sofre com a partida de alguns amigos para o campo de
batalha. Nesta época, Denis se dividia entre as notícias do plano físico e o
invisível. Estava praticamente cego e com sérios problemas de ordem intestinal.
Mas Denis não se entregava fácil e então dedicou-se a aprender braile, o que
possibilitou a continuidade de seus trabalhos. Enviava artigos frequentemente para
a "Revue Spirite".
Dentre as suas múltiplas ocupações entre 1915 e 1924, foi
presidente de honra da União Espírita Francesa, membro honorário da Federação
Espírita Internacional. Em 1925, foi presidente do Congresso Espiritista Internacional,
realizado em Paris. Dirigiu por muitos anos um grupo experimental de
Espiritismo, na cidade de Tours.
O Retorno a Pátria
Espiritual
Ao contabilizar 81 anos de existência na Terra, Denis é
novamente acometido pela pneumonia. Sofria com uma grave dispneia, entretanto
sua consciência estava preservada. Em 12 de março de 1927 as 21 horas, seu
espírito se desprende do corpo carnal debilitado.
Suas últimas palavras foram anotadas por sua secretária
Georgette:
"É preciso
terminar, resumir e... concluir". (fazia alusão ao prefácio da nova
edição biográfica de Kardec).
Seu corpo foi sepultado em 16 de abril no cemitério de La Salle , em Tours, de forma
simples, como sempre pediu.
Principais obras de Léon Denis:
Cristianismo e Espiritismo (FEB)
Depois da Morte (FEB);
Espíritos e Médiuns (CELD);
Joana D'Arc, Médium (FEB);
No Invisível (FEB);
O Além e a Sobrevivência do Ser (FEB);
O Espiritismo e o Clero Católico (CELD);
O Espiritismo na Arte (Lachâtre);
O Gênio Céltico e o Mundo Invisível (CELD);
O Grande Enigma (FEB);
O Mundo Invisível e a Guerra (CELD);
O Porquê da Vida (FEB);
O Problema do Ser, do Destino e da Dor (FEB);
O Progresso (CELD);
Provas Experimentais da Sobrevivência; Socialismo e
Espiritismo (O Clarim).
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